Pelos olhos negros que me vê
Enxergo a sombra da beleza nata
Na escuridão da noite, que cala
Minh´alma está entregue. P'ra você
Sou pura, encarnada de volúpia
Rubra de amor e de paixão
Ao seu toque, sou imensidão
Derramo a sangue, cheia como a lua.
São segundos de ardor e gemido
Vivendo uma - quase - meia verdade
De um coração abalado, doído.
Espero-te, assim, como me espero
Num transe entre o sonho e a realidade
Como o sofrer, num toque de bolero.
3 comentários:
Uma bela dança!
Abraço, minha amiga!
Esse teu poema tem cheiro de música. E só fui perceber isso no último verso. Um dos defeitos que trago ao analisar qualquer escrito, é a racionalidade exacerbada. E a música, muito embora seja matemática sob determinada perspectiva, é metafísica por outra, entrando aí a sinestesia do cheiro que senti neste seu poema de entrega. Parece-me uma descrição franca em seu lirismo, podada com vontade e arte pelo talhe da sua percepção, que não deixa palavras sobrando para enfim se fazer poema. E considero que as coisas tem que ser por aí mesmo, pois caso contrário bastaria incorrermos na escrita dos dementes que veríamos genialidades. Há algum tempo atrás também escrevia poesia assim - com metrias pensadas e repensadas ao cúmulo. E aqui estou apostando, pois não sei se você pensa assim. Aliás, ainda escrevo poesia assim. Mas atualmente, as coisas andam tão diferentes que desisti de dar forma ao mundo. E portanto escrevo de todas as maneiras que consigo. A parte isso, é belíssimo esse seu poema, minha cara moça. Um beijo e belo início de semana. E como diz minha namorada: "não é o homem que come a mulher: é a mulher que come o homem".
Bolero parece sempre mais aconchegante que o tango, que é sexy. Até a palavra "bolero" é boa de falar. Músicas da língua...
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