01 março 2009

Dia ruim

No mundo, o mundo desmancha-se em águas e trovoadas. Um daqueles que ninguém quer ficar, senão, debaixo das suas cobertas. E logo o temporal avança, seguindo-se de tempestades e maremotos. Quase um furacão indomável que chegou, assim, de repente. Protegida do fenômeno, assisto tudo através de uma fina película de vidro. Vejo... Contemplo... E a cada relampejar, assusto-me pela intensidade com que chega o som, a luz, as gotas. É tudo tão forte, arrebatador. Tenho medo. E segue o dia. E dias iguais. Assim. E tão de repente quanto a chegada da tempestade, o vidro se desfaz. Violentamente, as gotas de chuva vão entrando e umedecendo meu rosto, meu corpo. Os raios iluminam meus olhos fechados, meu corpo esguio, meus braços abertos que sente cada gota entrando e purificando minh’alma. Regando e esquentando meu sangue, fazendo-me forte, fazendo-me rija. Agora, já não trata-se de um dia ruim... As águas que caem do céu dançam sobre minha pele quente, e evaporam com o calor gerado pelo meu corpo que agora, transpira. Em rodopios, de mente e corpo, meu coração bate acelerado pela esperança renovada. O sangue corre quente e não quero parar. Desejo profundo de ser nova, do recomeço. A natureza e sua sabedoria, transforma e ilumina com seus raios. Já não sou quem eu era, sou um dia bom, ainda que o dia esteja ruim.

2 comentários:

Ígor Andrade disse...

Eu fico com o dia ruim. Ele sempre me faz ser melhor.
Lindo texto, Silvinha!
Beijo, e que o dia ruim continue... pelo menos pra mim.
rsrs

gloria disse...

Silvia,
Gosto desses batismos que transmudam o estado da alma. a água possibilitando a passagem para um novo corpo, mesmo que o frio permaneça lá fora. Que bonito o teu texto! (nos conhecemos?)