23 março 2009

Do movimento (no tempo)

Movimentar-se
Em qualquer direção
Já é algo
Indicação
De uma efetiva
Mudança.

A razão traumatiza
O que o coração
transcende
E ascende
Uma meia mentira

Sou um quase futuro
De uma dúvida presente
Num desespero de mente
Batendo contra o muro
Que pode ser chamado
Simplesmente de passado.

São caminhos e direções
Rastros e corações
Amores e confusões
Inércias e ascensões

Dos quais o medo
Faz-me refém
Mostrando-me aquém
Duma realidade
No qual, em outrora,
Era mestra
Conduzindo as lições
Com veemência...

O que serei agora?

5 comentários:

gloria disse...

Silvia, que fina sintonia! nossas vozes de um passado-presente ecoaram a um só tempo. olha o "naufrágos" e verá do que falo. tuas poesias parecem mantras do silêncio de quem sente em demasia. belas como um final de tarde. bjs

Anônimo disse...

É impossível prever o porvir - ainda bem! Mas o movimento é sempre bem-vindo. Movimento tranformado em palavra, então, é estar mais próximo de Deus. Um beijo!

Anônimo disse...

transformado*

Eduardo Matzembacher Frizzo disse...

Olá Sílvia. É estranho falar sobre seu poema. Ou melhor: será estranho falar sobre seu poema. E a razão é simples: o estado sentimental descrito nele, muito está para o meu atual estado sentimental. Estou com a intuição de que acabei de descobrir algo que não sei o que é, como uma Mesopotâmia de escritas cuneiformes das quais o sentido ainda não consigo decifrar. Até algum tempo atrás, pouco tempo, aliás, parecia que as rédeas mesmo da minha escrita e das coisas que sei fazer bem, estavam completamente nas minhas mãos. Contudo, de umas semanas pra cá, sei que minhas lições de ontem não bastam para o que quero do meu amanhã, visto que lanternas nas costas certamente apenas iluminarão punhais. Por conta disso, chego a sentir os ombros pesados logo após ler seu poema, como se cada palavra pusesse um tijolo na cruz que carrego simplesmente por querer. E sim: minha cruz não é de madeira, porque mais me vale depenar montanhas que destruir vidas. Por conta disso me garimpo ainda que nessa Mesopotâmia incerta, em busca de algo que faça com que esse que antes se aceitava nau, volte a reconhecer a firma daquilo mesmo que é. Acho que falando isso, falei o que senti de maneira franca ao ler seu texto. E não sei mais o que falar, sendo que na fraqueza mental que ando, é tudo quanto posso dizer. Mas fica meu beijo, moça.

Ígor Andrade disse...

"O que serei agora?"
Você vai ser o que desejar. Deseje mais!
Abraço!