E as cores se esvaem, aos poucos... perdem-se dos olhos, marejados, sem que eu os queira longe, mas se vão sem olhar pra trás. Um meio sorriso triste, no canto esquerdo da boca com a testa franzida é a expressão que recebem as primeiras lágrimas brotadas dessa despedida forçada. Viro as costas e fecho a porta de cabeça baixa, sem entender o porquê de as cores sempre irem embora, quando estão mais radiantes, quando mais brilham e iluminam meus olhos. De repente, ouço nova batida na porta e corro para atender. Meu coração dispara e penso:
“-As cores voltaram!”.
Em segundos troco minhas lágrimas por um largo sorriso, meus olhos voltam a brilhar no percurso até a porta e a abro feliz...
“-Oi Sophie, voltei. Sei que não queria minha companhia tão cedo, se é que ainda queria algum dia, mas não posso abandoná-la. Você sabe que sempre vou embora quando as cores chegam, mas as vi saindo há pouco. Dessa vez, acho que seremos amigas por muito e muito tempo e as cores não atrapalharão nossa amizade de novo. Você vai ver como vamos nos divertir com a realidade objetiva e sem emoção... voltaremos a nos deliciar com a dedicação exclusiva ao trabalho sem amor, até a exaustão. Viveremos os dias sem qualquer pessoa pra pensar ao dormir e ao acordar, a realidade seca e sem cor é muito melhor, você verá! Não há sofrimento nesse mundo Sophie!! Vai ser divertidíssimo!!”
Sem motivação, desanimada e de cabeça baixa só consigo dizer:
“-Entra cinza, entra...”
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