26 janeiro 2009

Gostar de Mulher

Sabe, admiro os homens que gostam de mulheres. Não, não estou referindo-me a seres humanos do sexo masculino heterossexuais, no sentido estrito. Reflito o que está, além disso. O sexo feminino é cheio de peculiaridades, singularidades e particularidades. Sim, são muitos “ades”. O que é de se apreciar é aquele homem que, por natureza, admira tudo isso. Ou até mesmo aquele que “aprendeu” a admirar. Admirar é diferente de gostar. Entretanto, quando os dois caminham juntos, é bem melhor. É mais que apaixonante um homem que admira o ser feminino, a alma feminina e seus mistérios. Sim, a mulher não vem com manual de uso, mas ainda com a falta de um possível “manual”, há homens que tentam compreender, têm paciência para isso e gostam disso. Argumentam, dialogam, aceitam ou discordam, mas tudo isso numa cautela ímpar. Para esses homens, mulher interessante não é aquela gostosa, cheia de peitos e bundas que chamam para si qualquer tipo de anseio; mulher interessante é aquela que contem a leveza de uma nuvem, a sutileza de uma raposa e a sensualidade de uma lua cheia. A graça, o encanto, está em desvendá-la, em descobri-la, em satisfazê-la. Não no âmbito carnal, mas também. E também no sentido diverso, nos seus sonhos, amores, prazeres. Mulher não precisa de dinheiro, jóias e imóveis e este dito homem sabe disso. Ele utiliza desses subterfúgios como forma secundária de conquista, porque, a priori, ele já o fez. Ele é seguro e sabe do poder que tem. Porque, apesar de ser um ser admirador, ele escolhe aquela, única e insubstituível, priorizando-a acima de muitas coisas, pois conhece bem os dizeres de Vinícius de Morais quando em “Soneto do Orfeu”, reza em seus primeiros versos “são demais os perigos dessa vida pra quem tem uma paixão”. Ele conhece poesias e músicas. Lugares e danças. Comidas e poemas. Não necessariamente tudo junto, mas algum item, com certeza! Seu modo de olhar é fascinante porque seus olhos jamais deixam de brilhar. Ela torna-se bela por natureza. O cheiro, o jeito, tudo nela completa-se num ritmo que o faz apaixonado. E apaixonante. Claro, pois quando se encontra um “desses”, nós, mulheres, nos apaixonamos e nos entregamos. Entretanto, por motivos que fogem da nossa vontade, caso ocorra de não conseguirmos levar esta relação adiante, ficamos mais exigentes para com o próximo que vier. Buscamos um tantinho que seja desse raro ser. Mas o melhor disso tudo é quando você acha que o descobriu. Ledo engano! Para eles, VOCÊ foi descoberta. E agradeça, pois no dia em que topar com um desses, você ganhou na mais deliciosa loteria da vida.

(By S.L)

10 janeiro 2009

Desencanto

"Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo algum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre."

[...]

"Humildemente pensando (...) Na vida inteira que poderia ter sido e que não foi."


(Manoel Bandeira)